São Paulo, 01/03/2021 – Os preços da energia negociada no mercado livre devem recuar em março na
comparação com fevereiro. Especialistas consultados pelo Broadcast Energia apontam para valor médio
entre R$ 140 e R$ 150 por megawatt-hora(MWh), abaixo do negociado no mês pasado.
O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) médio de fevereiro – utilizado como referência para as
negociações de curto prazo – ficou em R$ 165,98/MWh, segundo dados da Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE). De acordo com a empresa de informações para o setor elétrico Dcide, o preço
forward da energia para o último dia útil de fevereiro foi de R$ 169,25/MWh, correspondente à marcação
ao mercado nesta data, e não um preço médio dos contratos fechados. O valor de referência final para o
mês passado estimado pela empresa ainda não está disponível, já que aguarda o efeito do Mercado de Curto
Prazo (MCP), a ser realizado nos próximos dias de março.
A redução ocorre devido à expectativa de um cenário melhor na hidrologia para fevereiro nas principais
bacias que atendem ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o que ajudará a aliviar a pressão sobre os
reservatórios das hidrelétricas, ainda castigados pelo atraso no período úmido e por volumes de chuva
abaixo da média histórica. A perspectiva de carga ainda influenciada pela pandemia e com incertezas sobre
seu comportamento ao longo do mês, devido a restrições na atividade econômica para conter a
disseminação do vírus, também pode colaborar no movimento.
Desde o final de fevereiro, as precipitações estão mais abundantes nas bacias dos rios Paranaíba, Tocantins
e São Francisco, o que melhora as condições para armazenamento principalmente no Norte, Nordeste e
Sudeste/Centro-Oeste. A previsão indica que os volumes devem ser mais abundantes na primeira quinzena,
com chuvas mais relevantes se deslocando para o Centro-Sul do País. No restante do mês, espera-se que as
chuvas sejam mais posicionadas ao norte, chegando ao Alto Paraná e São Francisco.
“A precipitação continua a ser o maior driver de preços para o mês, e, se chover dentro do estimado para o
mês, os preços tendem a ficar num patamar abaixo dos R$ 140,00/MWh”, disse o trader da Safira Energia
Marcos Paulo Batista.
Opinião semelhante tem o gerente da área de inteligência de mercados da Boven, Marcio Mizuta. Ele
destaca a perspectiva de que os volumes de chuvas fiquem acima da média na região Norte e apresentem
uma melhora em relação a fevereiro no Sudeste. “Não tivemos mudanças significativas em outros aspectos
estruturais, então é basicamente a chuva que vai influenciar o preço para março. A previsão para o mês é de
uma recuperação boa para o Norte, então não vai ficar fora disso”, avaliou.
Segundo ele, o mercado está observando com mais atenção o desempenho do subsistema Norte, que agora
tem todas as máquinas da usina de Belo Monte em funcionamento e pode colaborar mais para o
atendimento aos demais submercados e para a recuperação dos reservatórios nessas regiões.
De acordo com o Programa Mensal da Operação (PMO) para março, divulgado na última sexta-feira (26)
pelo Operador Nacional do Sistema elétrico, as Energias Naturais Afluentes (ENAs) para o mês devem
ficar em 79% da média de longo termo (MLT) no Sudeste/Centro-Oeste do País, onde está concentrada a
maior parte da capacidade de armazenamento do SIN. Em fevereiro, o indicador ficou em 70% da MLT.
Nas demais regiões, a perspectiva é que o volume de águas que chegam aos reservatórios fique em 85% no
Nordeste (acima dos 43% do mês passado) e 105% no Norte (ante 69% em fevereiro). Somente o Sul deve
observar recuo na ENA esperada em março, de 60% da média histórica, ante os 116% verificados em fevereiro.
O diretor da Copel Mercado Livre, Franklin Miguel, acredita que, se as previsões meteorológicas para o
período forem mantidas os preços podem encontrar um ponto de equilíbrio mais próximo dos R$
150,00/MWh até o final de março. “Nas próximas semanas ele tende a subir um pouco, mas se estabiliza e
não vejo grandes chances de serem mais altos do que isso”, comentou.
O diretor presidente da Trinity Energia, João Sanches, alerta, porém, que, a despeito de alguma melhora
esperada na hidrologia de março, em relação ao verificado em meses anteriores, o cenário permanece
negativo do ponto de vista hidrológico, com a continuidade de afluências abaixo da média histórica em
todos os meses do período úmido até agora e armazenamento em níveis inferiores aos verificado no mesmo
período do ano passado, em especial no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do País.
De acordo com dados do ONS, na última sexta-feira o nível equivalente dos reservatórios deste
submercado estava em 28,8% da capacidade, cerca de 9 pontos porcentuais abaixo do verificado em igual
etapa de 2020. Já os reservatórios do Nordeste, que vinham mantendo maiores acúmulos em relação a igual
etapa do ano anterior, agora estão apenas 1,3 p.p. melhores, na comparação anual.
Estudos elaborados pela Trinity também apontam preço de fechamento de março na casa dos R$ 150/MWh
no Sudeste/Centro-Oeste. Mas Sanches considera que tal nível de preços só é possível porque a carga está
baixa. “Temos um déficit de carga na comparação com antes da pandemia, não fosse isso os preços
estariam acima de R$ 300/MWh”, disse.
E ele alerta: “Se não houver maior recuperação de reservatórios, no período seco – de maio a setembro -,
quando cessam as chuva no Norte, o preço pode ficar bem alto”.
Carga
Segundo a previsão apresentada na reunião do PMO, a carga de energia em março deve ficar em 71.527
megawatts médios (MWmed), abaixo dos 72.018 MW médios observados em fevereiro e dos 71.897
MWmed anteriormente estimados pelo ONS.
A principal incógnita em relação ao consumo é se os governos municipais e estaduais adotarão novas
medidas restritivas para conter a pandemia do novo coronavírus, o que pode levar a variações significativas
no consumo de eletricidade ao longo do mês.
O desenvolvimento da pandemia do novo coronavírus tem sido observado de perto pelas
comercializadoras, uma vez que a adoção de medidas que restringem a circulação e a atividade econômica
pode levar a uma redução na demanda por energia.
“Caso existam novas restrições, poderemos ter algum impacto na carga brasileira, o que é um sinal baixista
para os preços”, comentou o diretor de Comercialização de Energia da Plural Energia, Sergio Romani.
Já o gerente de inteligência de mercados da Boven, Marcio Mizuta, acredita que os efeitos da pandemia na
carga tendem a mais pontuais. “Percebemos que tem afetado mais nos finais de semana, com o comércio
ficando abaixo da previsão”.
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